Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras,
pensamentos.
Quero fazer
que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos, emoções.
Quero curtir
que te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo.
Quero querer
que te amo só de amor. São sombras as palavras no papel.
Claro-escuros
projetados pelo amor, dos delírios e dos mistérios do prazer.
Apenas
sombras as palavras no papel.
Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas
sombras as palavras no papel.
Meu
amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.
São
versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amor
dos bichos
livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam
e dançam
fazendo o amor como faço o poema.
Quero a vida as claras superfícies onde terminam e começam
meus amores.
Eu te sinto
na pele, não no coração. Quero do amor as tenras superfícies
onde a
vida é lírica porque telúrica, onde sou épico
porque ébrio e lúbrico.
Quero genitais
todas as nossas superfícies.
Não há limites para o prazer, meu grande amor, mas
virá sempre antes,
não
depois da excitação.
Meu grande
amor, o infinito é um recomeço.
Não
há limites para se viver um grande amor.
Mas só
te amo porque me dás o gozo e não gozo mais porque eu te
amo.
Não
há limites para o fim de um grande amor.
Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam
quentes
e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas.
A nudez
a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do
outro,
para inventar
deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não
satisfaz nunca.
Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu
não preciso de ti.
No amor,
jamais nos deixamos de completar.
Somos,
um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto.
Ponto.
